domingo, 25 de abril de 2010

Um pouco de você eu consegui tirar de mim. Foi muito rápido, e muito espontâneo. Assustei-me, apressei-me. Joguei o pouco e seu peso vivo-morto sobre as teclas desbotadas. Desviava o olhar, procurava não encarar as palavras que se formavam  na tela, com seu brilho que teimava em ferir meus olhos. Cansados. Insones. Por causa de você. Enquanto cuspia o pouco de você  pensava nos nossos instantes polarizados. Cada um deles, recheado de bem e de mal, de bom e ruim. Pensava na minha fome de você, que me fazia, repetida e sucessivamente, engolir-te e vomitar-te. Comer-te, tragar-te, cuspir-te. Fazia-me devorar-lo e forçava-me a expeli-lo. Pra depois, tão pouco depois, me fazer juntar o que repudiei em um instante pirado e forçar goela abaixo, como se fora o único alimento existente pra suprir meu corpo fraco, e minha alma quebradiça. Eu sou você, por que não consigo ser eu.

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